terça-feira, 19 de abril de 2011

OdeAsRegras

Regra nº. 1 - Pegar um ônibus, sentar do lado da janela e durante a viagem, observar toda a paisagem. Registrar em foto uma imagem que mereça destaque desse percurso.


Regra nº. 2 - Escolha um texto de sua preferência, vá a uma loja de departamento, escolha um look completo e ao vesti-lo no provador, abra a porta e comece a recitar o texto em voz alta.


Regra nº. 3 - Durante um dia inteiro, anotar num caderno, palavras e frases que ouvir e julgar necessário escrever.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

quando fui ao banco

hoje sai da sede do máquina e fui ao banco
odeio pegar filas em lugares frios
e sempre que estou em uma fila
tenho vontade de que tudo vire um musical
e eu começo a cantar e dançar, contagiando todo mundo
e ai quando a musica acaba, todo mundo volta pra fila
como se nada tivesse acontecido


então a regra é

entrar em uma fila e não apenas esperar
cantar alto ou ate mesmo dançar
se divertir
passar um bom tempo e depois partir.




logo em seguida, sai do banco e fui em direção à parada de ônibus
gosto de andar na rua principalmente em dias chuvosos
e observar o rosto das pessoas

e eu estava concentrado fazendo isso
quando um rosto que eu não observava se aproximou
e me disse "Jesus te ama"
era uma senhora baixinha colorida
e ela não parecia ser crente, religiosa e tal
ela era isso, colorida
quase que eu não entendi o que ela disse
só devolvi o olhar e prossegui
mas ainda escutei a voz dela ficando pra trás dizendo
"É verdade!"
"valha" pensei porque ela acha que eu não acredito
e o que a fez sair no meio da rua chuventa e dizer
prum desconhecido aquilo?

Então eu vou sair no meio da rua e dizer a um desconhecido algo em que acredito

[coisas que gosto, coisas que odeio]



Um Curta Metragem de 1987 do diretor Jean-Pierre Jeunet, o mesmo de Amelie.
Um personagem narrando coisas que gosta e que não gosta.
Dele que deve ter surgido os prazeres de Amelie Poulain.
Curiosidade o ator Dominique Pinon, participou de todos os filmes do Jeunet

ode a dianton

sábado, 16 de abril de 2011

Oderegras

Tarefas:


Tarefa 1: Observar os cães enquanto ladram em grupo.

Tarefa 2: Observar como são os cães com seus donos.


Regras para trocar:

Regra nº 1: Assistir a desfiles de moda e observar os rostos do(a)s modelo(a)s e os rostos dos espectadores.

Regra nº 2: Pentear-se, olhar-se no espelho. Enquanto se penteia observar todos os movimentos deste ato. Fechar os olhos e sentir essa ação.

Regra nº 3: Enquanto espera o ônibus, de posse de óculos escuros, cantarolar uma música qualquer. Observar a reação de quem te olhar, de modo que este não veja que você também o observa.


Regras que eu não gosto e cumprir:

Acordar cedo quando durmo tarde;

Esconder a garrafa de água mineral quando entro em salas de espetáculo.

Regras que gosto de cumprir:

Dar bom dia aos cobradores de ônibus;

Pedir a benção à minha mãe quando vou dormir.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Regra no. 6 - Ouvir as interrupções em meio a debates.


Na quarta-feira, assisti a tv assembléia. Em seis de abril de 2011, na 33a sessão extraordinária - segundo expediente - 1a sessão legislativa da 28a legislatura.
Em pauta: mobilidade urbana, reordenamento da praia do futuro. O deputado Carlomano Marques ao ser interrompido, fala mais alto. Aumeta o tom mais e mais. Pára. Eles tem 15 minutos para falar. O sino toca e pára. O clima é tranquilo na Assembléia. Fim de sessão.

regras diantônicas

tarefa 1: ir ao centro cultural banco do nordeste, centro da cidade. visitar a exposição de vídeos no segundo andar. assistir ao vídeo da artista marina de botas. em seguida, de olhos fechados, descer pelas escadas até o térreo.

tarefa 2: em casa, escolher um saco transparente e sem furos e colocá-lo no bolso ou na bolsa. ir até à praia do náutico. apanhar o saco plástico e colher maresia. fechar a boca do saco e retornar para casa. tomar um banho. entrar no quarto, fechar a porta, sentar à cama, abrir o saco bem em frente ao nariz e aspirar a maresia. anotar em uma frase a sensação que a olfação da maresia lhe proporciona.

regra 5

pegar uma roupa bonita que você consegue "se desapegar", ir para o meio da rua, (levar uma máquina fotográfica), dar a roupa a alguém de rua e pedir-lhe para fazer uma sessão de fotos com a roupa que ele está ganhando. pedir também autorização para publicá-las no blog.

regra 4

acordar numa manhã, tomar café, voltar para o quarto deitar-se e, sem dormir, ficar deitado durante duas horas sem nada fazer, apenas olhar para o teto.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Regras para os atores no. 1 - Ouvir ladainhas nas igrejas católicas

Ouvir também: http://www.youtube.com/watch?v=kLBrY3C189c

KYRIE ELEISON!!!!

Regras para os atores no. 3 - Ouvir passeatas ou manifestações políticas


Para entender melhor o caso Bolsonaro: http://www.youtube.com/watch?v=l3m4nhtxLl4

Só é respeitado quem tem o poder de intimidar… (Jair Bolsonaro)

a obscena senhora D (fragmentos) - hilda hilst

Casa da Porca, assim chamam agora a minha casa,
fiquei mulher desse Porco-Menino Construtor do
Mundo, abro a janela nuns urros compassados,
espalho roucos palavrões, giro as órbitas atrás da
máscara, não lhes falei que recorto uns ovais feitos
de estopa, ajusto-os na cara e desenho sobrancelhas
negras, olhos, bocas brancas abertas? Há máscaras
de focinhez e espinhos amarelos (canudos de
papelão, pintados pregos), há uma máscara de
ferrugem e esterco, a boca cheia de dentes, há uma
desastrada lembrança de mim mesma, alguém-
mulher querendo compreender a penumbra, a
crueldade - quadrados negros pontilhados de negro
- alguém-mulher caminhando levíssima entre as
gentes, olhando fixamente as caras, detendo-se no
aquoso das córneas, no maldito brilho
Hillé, andam estranhando teu jeito de olhar
que jeito?
você sabe
é que não compreendo
não compreende o quê?
não compreendo o olho, e tento chegar perto.
Também não compreendo o corpo, essa armadilha,
nem a sangrenta lógica dos dias, nem os rostos que
me olham nesta vila onde moro, o que é casa,
conceito, o que são as pernas, o que é ir e vir, para
onde Ehud, o que são essas senhoras velhas, os
ganidos da infância, os homens curvos, o que
pensam de si mesmos os tolos, as crianças, o que é
pensar, o que é nítido, sonoro, o que é som, trinado,
urro, grito, o que é asa hen? Lixo as unhas no
escuro, escuto, estou encostada à parede no vão da
escada, escuto-me a mim mesma, há uns vivos lá
dentro além da palavra, expressam-se mas não
compreendo, pulsam, respiram, há um código no
centro, um grande umbigo, dilata-se, tenta falar
comigo, espio-me curvada, winds flowers astonished
birds, my name is Hillé, mein name madame D,
Ehud is my husband, mio marito, mi hombre, o que
é um homem?

Nossa! o que há com o teu peru?

por Hilda Hilst

Espírito natalino é um saco preto, hordas de delinqüentes, turbas de atoleimados te exigindo caras, posturas, o riso alvar, cestas, granas e tu mesmo basicamente arruinado, e criancelhas peidando adoidadas, escoiceando os ares, e mãezinhas num azáfama de um cair de tarde bordelesco, pra lá pra cá, e Jeshua entregue às traças, imagine o arrepio do Divino vendo o trotoar dos humanos, enchendo as panças, arrotando grosso, chupando os dentes, enchendo as latrinas, as mandíbulas sempre triturando, e o nenen lá na manjedoura, entre a vaca e o jumento... Que pai é esse que manda o filho pra um planeta de bosta como é a Terra... Se fosse um bom pai, o filho teria encarnado num corvo, a gente só ficaria olhando lá pro corvo nas alturas e dizendo: olha lá o divino, olha que lindo! E o divino com asas, só de nos ver de longe se escafederia, tem dó, pai, aquela gente não, por favor, pai, Abracadabra, pai, me transforma em fumaça, em rojão, em poeira, mas me afasta daqui, me afasta!

E aquele médico bonzinho que arrancou os olhos do Einstein e pôs no vidro e agora vai vendê-los por cinco milhões de dólares! Meu Deus, meu Deus, e o olho tristíssimo (porque viu muito e muito compreendeu) lá no vidro zoiando...

Sim, é verdade, eu tenho medo das gentes, pra dizer a verdade eu me cago de medo das gentes! O que eu tenho visto de pulhas, de máscaras atadas dia e noite sobre umas caras de pedra... O que eu tenho visto de mesquinharia, de crueldade, de torpeza, de estupidez... Que Natal? Que Natal? mudou o quê depois do nascimento do bebê?

"Óia a véia de novo enfezada! E até sendo paga pra escrevê só mardade! E nóis aqui no bem-bom comendo esses pardá, essas rola e esse gato gordo da vizinha! e que que tem cagá? que que tem rrotá? e chupá dente num é bom? e pur que ela chama a gente de delinquente? que que é horda, hen? e turba? E querê que o divino seja corvo, ó dotô, manda prendê essa muié, que eu até esqueci de fritá os ovo do menino Josué, também que que tem, é Natar e ele já tava morto!" Bom dia! Bom almoço!

(Esta crônica está incluída no livro "Cascos e Carícias", da editora globo .)

Banqueiros, editores e pinicos

uma crônica de Hilda Hilst

Aos 79 anos e perneta, ela matou a pinicadas (golpes de pinico) o velhote (seu marido), quando ele se jactava de antigas façanhas sexuais, enquanto ela apenas mancava solitária pela casa. Onde foi isso? Na aldeia de Mókroie? Em Londres, gente! Há duas semanas atrás. Que vitalidade! Que altaneria! E que rabugice! Se fosse comigo, aos 79, eu apenas anotaria, quase sucinta, no meu diário: John, ontem à noite, contou-me deliciosas aventuras e acho que fez muito bem, porque convenhamos, com o meu coto é difícil manter-me no coito em equilíbrio.

Aos 79 gostaria de loquear um pouco. É bom ser estranho e velho. Que menina medonha! É sua filhinha, é? E esse é seu marido? Ahhh... então é por isso! Coitaaaada! E talvez colocasse um balde na cabeça à guisa de chapéu, como aquela baronesa Elza von Fretag von Loringhoven que também enfeitava a cara com selos... e morava no mesmo bairro onde moravam Henry Miller e June. Eu andaria com o meu balde e desenharia lindas borboletas na minha cara, aqui mesmo, na minha torre de capim. E vou dizer muitas verdades a alguns, principalmente àquele meu amigo banqueiro, riquíssimo (aliás acho que vou dizer agora) a quem pedi que editasse meu livro como brinde, no seu banco, e ele disse: você é mesmo boba, Hilda, ninguém mais lê poesia... Eu disse: mas você era tão sensível e gostava tanto de poesia e é filho de um poeta... Ele: agora eu só sou sensível depois das nove da noite. E eu deveria ter dito a ele o que vou dizer agora: e se eu te chupar a bronha depois das nove da noite, te sensibiliza e você edita? Só que aos 79 ia ser melhor porque eu estaria sem dentes... Ah, banqueiros, meus amigos, caixão não tem gaveta, viu? Ah, o que eu tenho visto de avareza e hostilidade quando estamos na dureza! Como é triste ser avarento quando se é velho e rico! Ou só como é triste ser avarento! E como é sórdido ser avarento com os poetas. E agora vou terminar com um poema porque já estou espirocando de ódio em relação a banqueiros e editores e a crônica foi pras picas. P.S. Querem saber? Acho que a velhota fez bem. E já vou comprar o meu pinico. Ninguém vai notar uma velhota aos 63 entrando no banco ou na editora com um pinico na sacola.

Enquanto faço o verso, tu decerto vives.

Trabalhas tua riqueza, e eu trabalho o sangue.

Dirás que sangue é o não teres teu ouro

E o poeta te diz: compra o teu tempo

Contempla o teu viver que corre, escuta

O teu ouro de dentro. É outro o amarelo que te falo.

Enquanto faço o verso, tu que não me lês

Sorris, se do meu verso ardente alguém te fala.

O ser poeta te sabe a ornamento, desconversas:

"Meu precioso tempo não pode ser perdido com os poetas".

Irmão do meu momento: quando eu morrer

Uma coisa infinita também morre. É difícil dizê-lo:

MORRE O AMOR DE UM POETA.

E isso é tanto, que o teu ouro não compra,

E tão raro, que o mínimo pedaço, de tão vasto

Não cabe no meu canto.*

* "Poemas aos homens do nosso tempo" in Júbilo memória noviciado da paixão. SP: Massao Ohno. 1974.

(Segunda-feira, 08 de Março de 1993)

domingo, 10 de abril de 2011

Delicatessen

- Crônica de Hilda Hilst para o Correio Popular de Campinas-SP -

Você nunca conhece realmente as pessoas. O ser humano é mesmo o mais imprevisível dos animais. Das criaturas. Vá lá. Gosto de voltar a este tema. Outro dia apareceu uma moça aqui. Esguia, graciosa, pedindo que eu autografasse meu livro de poesia, "tá quentinho, comprei agora". Conversamos uns quinze minutos, era a hora do almoço, parecia tão meiga, convidei-a para almoçar, agradeceu muito, disse-me que eu era sua "ídala", mas ia almoçar com alguém e não podia perder esse almoço. Alguém especial?, perguntei. Respondeu nítida: "pé-de-porco". Não entendi. Como? "Adoro pé-de-porco, pé-de-boi também". Ahn... interessante, respondi. E ela se foi apressada no seu Fusquinha. Não sei por que não perguntei se ela gostava também de cu de leão. Enfim, fiquei pasma. Surpresas logo de manhã.

Olga, uma querida amiga passando alguns dias aqui conosco, me diz: pois você sabe que me trouxeram uma noite um pé-perna de porco, todo recheado de inverossímeis, como uma delicadeza para o jantar? Parecia uma bota. Do demo, naturalmente. E lendo uma entrevista com W. H. Auden, um inglês muito sofisticado, o entrevistador pergunta-lhe: "O que aconteceu com seus gatos?" Resposta: "Tivemos que matá-los, pois nossa governanta faleceu". Auden também gostava de miolo, língua, dobradinha, chouriços e achava que "bife" era uma coisa para as classes mais baixas, "de um mau gosto terrível", ele enfatiza. E um outro cara que eu conheci, todo tímido, parecia sempre um urso triste, também gostava de poesia... Uma tarde veio se despedir, ia morar em Minas... Perguntei: "E todos aqueles gatos de que você gostava tanto?" Resposta: "Tive de matá-los". "Mas por quê?!" Resposta: "Porque gatos gostam da casa e a dona que comprou minha casa não queria os gatos". "Você não podia soltá-los em algum lugar, tentar dar alguns?" Olhou-me aparvalhado: "Mas onde? Pra quem?" "E como você os matou?" "A pauladas", respondeu tranqüilo, como se tivesse dado uma morte feliz a todos eles. E por aí a gente pode ir, ao infinito. Aqueles alemães não ouviam Bach, Wagner, Beethoven, não liam Goethe, Rilke, Hölderlin(?????) à noite, e de dia não trabalhavam em Auschwitz? A gente nunca sabe nada sobre o outro. E aquele lá de cima, o Incognoscível, em que centésima carreira de pó cintilante sua bela narina se encontrava quando teve a idéia de criar criaturas e juntá-las? Oscar, traga os meus sais.

(Segunda-feira, 1 de março de 1993)


regra 16 observar os macacos que imitam as pessoas

A arte do insulto

Como deixar de ser um insciente
e um 
pisa-mansinho na hora de
xingar o próximo

Marcelo Marthe
 Veja também
Mais termos exóticos e um divertido teste com palavras do Dicionário Brasileiro de Insultos

"O primeiro homem que disparou um insulto em vez de atirar pedras foi o fundador da civilização", disse certa vez Sigmund Freud, o pai da psicanálise. É possível afirmar ainda que o primeiro homem a gritar uma ofensa foi também o inventor de uma arte que requer humor e raciocínio rápido. Um livro que mostra como palavras comuns foram transformadas em armas afiadas chega às livrarias nesta semana. É o Dicionário Brasileiro de Insultos (Ateliê Editorial; 364 páginas; 30 reais), organizado pelo professor Luís Milanesi, vice-diretor da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo. O autor, que assina sob o pseudônimo de Altair J. Aranha, garimpou 3.000 verbetes (veja quadro) que vão dos palavrões mais chulos até termos aparentemente inocentes, como ácaro. Sim, ácaro: o aracnídeo microscópico que causa alergia respiratória também pode designar pessoas que "agem de modo imperceptível para degradar o ambiente e torná-lo ruim à sobrevivência dos demais".
A literatura está repleta de bons exemplos do uso do insulto. A começar pela Bíblia. Numa passagem do Antigo Testamento, o profeta Isaías desanca o rei assírio Senaqueribe, sugerindo que o inimigo é um asno. "Porque a tua arrogância subiu até meus ouvidos, porei minha argola nas tuas narinas e um freio nos teus lábios", fustiga. Muitos escritores ilustres foram mestres na arte de ofender – não apenas recorrendo ao vocabulário de uso corrente, mas criando floreios em torno dele. Um dos que mais se esmeraram nisso foi o dramaturgo inglês William Shakespeare, que recheou suas peças com centenas de ofensas. Em Otelo, por exemplo, o pérfido Iago lança no ar a seguinte estocada contra a bela Desdêmona: "(Ela é) o índice e o prefácio na história da cobiça e dos pensamentos asquerosos". Já num diálogo de Henrique IV, lê-se: "Por que conversas com esse baú inchado de loucuras, essa arca cheia de bestialidade, esse fardo inchado de hidropisia?". As ofensas shakespearianas já foram objeto de análises e compêndios na Inglaterra e nos Estados Unidos. Dicionários de insultos, aliás, são um gênero estabelecido no campo dos estudos lingüísticos. No Brasil dos anos 70, mesmo antes do dicionário de Milanesi, o etnólogo pernambucano Mário Souto Maior já havia realizado uma empreitada desse tipo com seu Dicionário do Palavrão e Termos Afins – que foi censurado pelo regime militar.
Com base no atual lançamento, é possível tirar algumas conclusões sobre esse universo lingüístico. A mais óbvia delas: o insulto é politicamente incorreto por natureza. Mais da metade dos termos que aparecem no livro explora o machismo, o preconceito (racial ou sexual) e os defeitos físicos. Outra constatação é que, assim como as gírias em geral, alguns insultos vão perdendo voltagem ou até sentido. Têm prazo de validade. De escova-botas (sujeito bajulador) a cabrião (aquele chato incorrigível), há grande quantidade de insultos dos tempos d'antanho que hoje soam engraçados. O dicionário também mostra que esse gênero de vocabulário está muito sujeito às variações regionais. Um exemplo: enquanto na maior parte do país a palavra "frango" remete apenas ao filhote da galinha, em Pernambuco ela também é um modo ofensivo de chamar alguém de homossexual. Se faltar munição na hora do bate-boca, Milanesi indica a saída: é sacar um termo tão desconhecido que deixe o adversário em estado de perplexidade. Quem sabe, digamos, alguma palavra sonora como cacóstomo (pessoa que tem mau hálito) ou insciente (um jeito educado de chamar de ignorante). Basta abrir o dicionário – de insultos ou não – e escolher.

LÍNGUA AFIADA
Cinco verbetes do Dicionário
Brasileiro de Insultos
 CATRUMANO – Pessoa rústica, acanhada, do tipo "bicho-do-mato".
 FRANGALHONA – Mulher que não se cuida, que anda mal vestida, sem preocupação com a aparência. Desmazelada, maltrapilha.
 POMBOCA – Pessoa inútil, fraca.
 QUIQUIQUI – Aquele que fala mal, que titubeia demais. Gago.
 SALTA-POCINHAS – Sujeito saliente, cheio de afetação, trejeitos e de requebros ao andar.



sexta-feira, 8 de abril de 2011

O Rosto de Gary Cooper


" (...) Gary Cooper é um ícone incontestável, por outro é e sempre foi um canastrão de marca maior – desde os papéis da juventude, como vi recentemente em O Cowboy e a Grã-Fina, até no final da vida, sempre interpretou um único personagem, ele próprio, um ator que sabe fazer duas ou três caretas e nada mais que isso. (...)

e me espanto com a firmeza com que desanquei uma das figuras mais marcantes de toda a história do cinema, que atuou com praticamente todos os grandes cineastas americanos e/ou que trabalharam no cinema americano. Não que eu ache hoje Gary Cooper um grande ator – mas me assusta a falta de meio tons, a assertividade tão grande, plena, absoluta. Parece coisa de garoto, ou de crítico da Folha, o que mais ou menos dá no mesmo.  
Dou uma olhada no respeitável The International Dictionary of Films and Filmmakers – Actors & Actresses. O imenso verbete sobre Gary Cooper tem o cuidado de dividir sua extensíssima carreira – mais de cem filmes! – em seis diferentes períodos.                                                                                                
Vale a pena transcrever o final do verbete, de autoria de um Stuart Kaminsky:

“É talvez apropriado que os dois Oscars de Cooper (por Sargento York e Matar ou Morrer) tenham sido de dois períodos diferentes, um no qual ele era o herói otimista do passado e o outro em que era o pessimista que lembrava o passado. De fato, mais de 60 dos filmes de Cooper tinham sua ação desenrolada no passado. Ele pode ter sido premiado pelo que representava na nossa história e nossa cultura e tanto quanto pela sua atuação em si.



Como disse um crítico, o rosto de Gary Cooper era o mapa dos Estados Unidos. 
Nele, líamos nosso passado. Poderíamos gostar ou não, mas não poderíamos deixar de ver o homem marcante que o representava.”


fonte    http://50anosdefilmes.com.br/2004/retorno-ao-paraiso-return-to-paradise/

Primeiro Encontro






segunda-feira, 4 de abril de 2011

programação semana 1

05.04 (3a.) - leitura coletiva do texto-base e outros papos (sede do máquina - 19h)

09.04 (sáb.) - apresentação da instalação multissensorial brEu (espaço cadaFalso - 20h)

domingo, 3 de abril de 2011

                                                            
INSULTO AO PÚBLICO
Projeto de Formação e Intercâmbio

O projeto Insulto ao Público, intercâmbio artístico entre o grupo Teatro Máquina e o Projeto Cadafalso,  é  uma  proposta de pesquisa e de produção artística em  multilinguagens : teatro, performance, artes visuais e literatura, a partir do texto dramático Insulto ao Público, do autor Peter Handke, obra escrita na década de 1970, que propõe uma situação conflituosa entre atores e espectadores, em que o espaço cênico é o personagem principal, com discurso apoiado na cisão entre palco e plateia, questionando a estrutura do teatro convencional, redimensionando o papel do espectador e explorando, para isso, elementos importantes como tempo e espaço.

O projeto será realizado em quatro etapas, entre encontros teóricos e práticos:   Etapa 1.Texto e Dramaturgia: leituras e discussões sobre dramaturgia e análise do texto Insulto ao Público. Etapa 2. Investigação e experimentação em performance e outras linguagens: estudos e experimentos práticos de elementos  performativos presentes nas linguagens artísticas abordadas no projeto. Etapa 3. Contato com o público e estudo da Recepção : exposição, ao público, dos primeiros experimentos obtidos no projeto; registro multimidiático das impressões do público e, posteriormente, análise do material registrado, fundamentada em estudos de Teoria da Recepção Contemporânea, ligada às expressões artísticas e Etapa 4. Produção de Instalação Multimídia e Performance,  a ser apresentadas  ao público, ao final do projeto.