terça-feira, 4 de outubro de 2011

Declaração de amor à arte do encontro

O mês de outubro é lindo, não é mesmo!?

Estamos vivendo um momento muito bonito nessa fortaleza de nossa senhora da assunção. Me alegro de estar compartilhando esse momento com vocês...

Como desdobramento do nosso processo de intercâmbio, gostaria de pontuar algumas reflexões:

1. A arte – por mais genial que seja – é infinitamente menor do que a vida;

2. É preciso levar sua arte a sério – e saber rir-se de si, mas nunca zombar dela;

3. Deixar-se afetar pelo outro é uma relação de amor;

4. Abrir a casa, a alma, a cozinha e o coração é assegurar confiança, admiração, carinho e respeito;

5. Você é responsável por aquilo que cultiva: cativar é muito fácil, e às vezes até involuntário. Criar possibilidades de renovação do interesse mútuo: esse é o desafio;

6. Curta cada etapa do caminho: o final da estrada pode ser um abismo: é preciso não ter vergonha de voltar;

7. Às vezes, é preciso ir por um caminho muito distante do seu para acertar o caminho de volta;

8. A diplomacia, a gente guarda pros inimigos: em uma relação horizontal, deve-se ter a coragem de dizer e a humildade de ouvir, e sempre acreditar que isso servirá para o crescimento;

9. É preciso ter atitude propositiva e autonomia criativa;

10. Exercitar o pensamento e a atitude reflexiva também é arte e gera arte;

11. Um edital público é de interesse público: não se pode simplesmente desistir, se esconder ou tergiversar sem se dar satisfações plausíveis;

12. Fuja da arte burocrática comedida bem comportada funcionário público com livro de ponto expediente protocolo e manifestações de apreço ao sr. diretor;

13. Não se vive de certezas: a dúvida é propulsora;

14. Mesmo que a estética vacile, a ética não pode ser frouxa;

15. O ruído também é diálogo;

16. Sucesso e renome não são arte;

17. A arte é artesania permanente;

18. A arte requer paixão;

19. A arte é só um começo...

20. A arte – por mais genial que seja – é infinitamente menor do que a vida.
 

beijos com ternura e irascividade,
 
washington hemmes
(projeto cadaFalso)

fortaleza, 04 de outubro de 2011.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

insultAÇÃO - Praia no Náutico - 18.09.11

projeto cadaFalso, Teatro Máquina, 
Teatro Mimo e Poéticas do Corpo



odeÀbeiramar:

Todo domingo, havia banda no coreto  do jardim
E já de longe, a gente ouvia a TUMBA do Serafim...


O processo de higienização da cidade começa pela porta de entrada
e nunca ultrapassa a sala-de-estar.
O quintal está entregue às moscas - ou às vespas!


Houve uma tentativa frustrada de boicotar nossa intervenção do Projeto de Intercâmbio,
parte da política cosmética de por cada coisa em seu devido lugar...
Mas mesmo que as coisas sejam muito fortes, nós não somos as  coisas e nos revoltamos,
pois nossos pensamentos são livres...


Fugimos dos teatros porque eles nos sufocam, nos rotulam, nos pautam, nos programam e fomos cuspidos para a rua: haverá paradeiro para o nosso desterro?



QUEREMOS UMA PAISAGEM-MÃE: ACOLHEDORA!



A IMAGEM SONORA NÃO DEVE SUGERIR QUALQUER OUTRA IMAGEM
 (Peter Handke - Insulto ao Público)

terça-feira, 20 de setembro de 2011

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

insultAÇÃO - Praça do Jardim América - 29 de agosto de 2011



Bruno Lobo



          Washington Hemmes


                                                      

                                                     Dianton




Fotos: Fran Bernardino
Filmagem: Leir Pontes

quarta-feira, 15 de junho de 2011

let's play

"A ausência de uma palavra específica para o “ato de fazer teatro” em nossa língua parece refletir um certo descaso histórico com essa arte. No francês de Molière, temos a palavra jouer, que indica jogar, brincar. Da mesma maneira, temos play, no inglês de Shakespeare, que aglutina os sentidos de jogar e brincar e também significa a peça teatral e o próprio ato teatral." 
Washington Hemmes

























mesmo o simbolo estando alheio ou nao ao ambiente mas so a sua presenca ja abre questoes, gera conclusoes, da espaco para outras imagens... da um play em sua mente.

exercício praça jardim américa




INSULTO AO PÚBLICO | pETeR HaNDkE
10 DE MAIO DE 2011 | ESPAÇO CADAFALSO
teatro máquina | projeto cadaFalso

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As regras propostas por Peter Handke no início do seu texto “Insulto ao Público” serve de mote para esta ação. Viajamos no tempo e chegamos a Marcel Duchamp e o início das ‘instruções’ nas artes visuais. Em seguida, visitamos o Fluxus e suas ‘partituras instruções’ e desaguamos em Marina Abramovic e suas ‘instruções’ para o público. O público é convidado a participar e, a obra de arte reveste-se, assim, de um caráter dialógico.
Dialogamos ainda, para esta concepção, com Nelson Rodrigues, Clarice Lispector, Manoel de Barros e Dianton.
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1] O público aguarda do lado de fora do Espaço CadaFalso. Em um cartaz afixado na parede lê-se: Insulto ao público | Peter Hadke | Projeto CadaFalso | Teatro Máquina.
2] De repente, um rolo de papel é lançado ao público. Seguido de um anúncio: dentro de 5 minutos adentrem o espaço.
Papel desenrolado mostra a frase:
“O mundo, o real, não é um objeto, é um processo”.
                                                                                [Jonh Cage]

3] O público adentra o primeiro espaço. No chão, vários envelopes deixam à mostra: INSTRUÇÃO 1


No interior do envelope:

INSTRUÇÃO 1:

1.   Livre-se de bolsas, caderno de anotações, celulares.
2.   Retire os calçados. Pise o chão com força.
3.   Respire fundo e adentre a sala



4] O público, então, ‘adentra a sala’. Novamente no chão, vários envelopes deixam à mostra: INSTRUÇÃO 2

No interior do envelope:

INSTRUÇÃO 2:

1.   No chão da sala existem 10 objetos dispostos lado-a-lado identificados por um envelope à sua frente.
2.   Escolha um objeto e use-o.
3.   Em seguida, leia o conteúdo do interior do envelope.




No chão da sala, como a INSTRUÇÃO 2 sugere, existem 10 objetos dispostos lado-a-lado identificados por um envelope [INSTRUÇÃO 3]: protetor para pescoço, canga, chapéu preto, óculos escuros e colar, colcha de cama mofada, chale preto e gorro preto, vestido branco, reio, camisa marrom, bolsa vermelha com livro.


No interior do envelope:

INSTRUÇÃO 3:

1. Escolha uma pessoa, e em voz alta, faça o diálogo abaixo:
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VOCÊ: Falai muito é uma das instruções. Estou tão cansada. Não compreendem a inocência! São uns cachorros muito ordinários! Membros da maioria silenciosa! Hereges!

O OUTRO: Olha meu coração como bate! Seu traidor retrógrado.

VOCÊ: Monstro antediluviano! Pensa que eu não notei a expressão do seu rosto. Os seus olhos! Sua lavagem, avarento. Ele próprio se consumiu lentamente na revolta. Sua revolta veio quando ele descobriu que as duas ou três instruções recebidas não incluíam nenhuma explicação.

O OUTRO: Eu não aguento mais! Não posso! Individualista.

VOCÊ: E eu tenho alguma coisa com isso, tenho? Apátrida fascista.

O OUTRO: Aqui ninguém repara nada! Isso aqui é o fim do mundo!

VOCÊ: Eu sei! Pois foi com o gás da juventude que acelerei meus passos e corri. Depois senti minhas mãos tocarem o metal e empurrei com toda a força que saiu acompanhada de um grito.

O OUTRO: Seu freio do progresso! Sabe que eu não suporto gritos.

VOCÊ: Eles não gritaram. Não tiveram tempo. Aros, ferros, canos entrelaçados com o que se denominam corpo, carne, ossos, sangue, dentes. Um amontoado………….

O OUTRO: De horror! E olhos voltados para o alto. Agora sou eu que te digo, seu ninguém, abortista, aristocrata degenerado: E eu tenho alguma coisa com isso, tenho?
__________________________________________________

2. Quando terminar o diálogo, encoste-se numa parede e escute o seu silêncio.

3. Quando estiver plen@ de silêncio, abandone a sala.

INSTRUÇÃO 3:

1. Faça consigo,  em voz alta, o diálogo abaixo:
__________________________________________________

VOCÊ: Falai muito é uma das instruções. Estou tão cansada. Não compreendem a inocência! São uns cachorros muito ordinários! Membros da maioria silenciosa! Hereges!

VOCÊ : Olha meu coração como bate! Seu traidor retrógrado.

VOCÊ: Monstro antediluviano! Pensa que eu não notei a expressão do seu rosto. Os seus olhos! Sua lavagem, avarento. Ele próprio se consumiu lentamente na revolta. Sua revolta veio quando ele descobriu que as duas ou três instruções recebidas não incluíam nenhuma explicação.

VOCÊ: Eu não aguento mais! Não posso! Individualista.

VOCÊ: E eu tenho alguma coisa com isso, tenho? Apátrida fascista.

VOCÊ: Aqui ninguém repara nada! Isso aqui é o fim do mundo!

VOCÊ: Eu sei! Pois foi com o gás da juventude que acelerei meus passos e corri. Depois senti minhas mãos tocarem o metal e empurrei com toda a força que saiu acompanhada de um grito.

VOCÊ: Seu freio do progresso! Sabe que eu não suporto gritos.

VOCÊ: Eles não gritaram. Não tiveram tempo. Aros, ferros, canos entrelaçados com o que se denominam corpo, carne, ossos, sangue, dentes. Um amontoado………….

VOCÊ: De horror! E olhos voltados para o alto. Agora sou eu que te digo, seu ninguém, abortista, aristocrata degenerado: E eu tenho alguma coisa com isso, tenho?
__________________________________________________

2. Quando terminar o diálogo, encoste-se numa parede e escute o seu silêncio.

3. Quando estiver plen@ de silêncio, abandone a sala.


sexta-feira, 20 de maio de 2011

RELEGERE

textos que estamos lendo, pensando, discutindo e transcriando:


1. Insulto ao público (Peter Handke);
2. Marina Abramovic: do corpo do artista ao corpo do público (Ana Berstein);
3. Palavra, voz e imagem nos teatros de Valère Novarina, Peter Handke e Samuel Beckett (Angela Materno);
4. Tornar-se quem se é - a vida como exercício de estilo (Silvia Rocha)
5. Insulto ao público: coro, escrita e performance (Fábio Cordeiro)

terça-feira, 10 de maio de 2011

Anotar as frases do dia

Dia nove de maio de dois mil e onze:

Que horas são aí?!
CUIDADO!!!
Uma discussão sobre educação.
Lá é por ordem de chegada!
Vá ver televisão para se entreter!
Bom dia!
Dormiu aqui?!
Oi gente!
Não vai comer!!! Só se der um e cinquenta!!
Eu comi aquele biscoitinho com café!
Será açúcar ou será sal?!
Ei, bichim!
Hum...cheirinho de pão torrado...
Ele só compra o que ele pode pagar!
Eu sou um Clossário...ei, é Gló, né? Eu tenho um probleminha com o C e o G.
Tenho que comprar uns produtos bons.
Tem internet nessa casa?
Feliz dia das mães pra nós duas!
ARRASEI!!!
Eh, Fortaleza não ajuda muito nesse quesito masculino.
Desculpem o atraso!
Tô me cagando!
É só sexo!
Passei na casa do Beto e fumei UM.
Eu acho ele bem bonitinho!
E aí, gata!
Ai! Eu tô fudido de cansado, ó!
A comida daqui é ruim e cara!
Tava doido pra te ver!
TE AMO.
Boa noite, gatinha.





quarta-feira, 4 de maio de 2011

OdeAoSilencioAoPercebido...

Tarefa: Pegar, em casa um saco plástico sem furos e ir à praia do Náutico guardar a maresia. Chegar em casa, tomar banho, fechar a porta do quarto e cheirar a maresia contida no saco.

Na cozinha de casa, puxando vários sacos do puxa-saco. Difícil achar um que não tivesse furos. Achei enfim, Um saco de mercantil. Dobrei-o em losangos e fui caminhar até a praia do Náutico. O caminho silencioso até lá foi permeado de imagens que me apareciam. Imagens do cotidiano da Beira-mar de Fortaleza. Não lembrava mais como se dava apesar de morar tão perto. Pai caminhado e filho de dois anos correndo à sua frente, Meninos de patins na quadra ao lado do Bol. Eles desviavam dos obstáculos, policiais em seus patinetes equilibrados, homens malhando e exibindo seus corpos feito pavões e as ondas batendo sem som. Casais jovens e velhinhos amorosos.
Em frente à Barraca G2 o relógio marcava 18h48. Acarajé, pipoca, tapioca, milho verde, praia do Náutico. Desci a barreira, meninos jogando bola, abri ‘meu saco’. Guardei aquela maresia amoníaco e me pus a subir por aquela barreira. Milho verde, tapioca, pipoca, acarajé. Relógio marcava 18h51. A medida que caminhava, em meu rosto um semblante de preocupação, coração pulsava mais rápido. O ar do saco estava saindo. A imagem do saco mudando de tamanho foi estranha. Sensação de perda. Braço bate na saia rodada e quase espoca. Atenção maior ao saco e postura corporal muda. Braço à frente segurando o saco quase seco. Com o mesmo ritmo de quem caminha sem propósito, chego em casa. Mamãe abre a porta, tagarela. Dedo à boca e cabeça assertiva me responde. Chego ao meu quarto, cato no lixo uma liga que antes havia jogado e amarro a boca do saco. Banho. Mudo de quarto, o quarto da mãe silencioso. Com um cuidado de mãe desenrolo a boca e sugo para dentro o que sobrou: cheiro de não sei o quê. Silêncio.

Tarefa: Tocar campainhas e sair correndo...

segunda-feira, 2 de maio de 2011

ave-maria do rádio

Tarefa: ouvir a Ave-Maria em latim, no rádio, enquanto observa uma rua muito movimentada.

duchamp de botas em slow motion

Tarefa: assistir ao vídeo-ação "Entrevista', de Marina de Botas, e descer as escadas do CCBNB de olhos fechados. Música: No fim da noite (João Aguardela). Ação e edição: Washington Hemmes.

terça-feira, 19 de abril de 2011

OdeAsRegras

Regra nº. 1 - Pegar um ônibus, sentar do lado da janela e durante a viagem, observar toda a paisagem. Registrar em foto uma imagem que mereça destaque desse percurso.


Regra nº. 2 - Escolha um texto de sua preferência, vá a uma loja de departamento, escolha um look completo e ao vesti-lo no provador, abra a porta e comece a recitar o texto em voz alta.


Regra nº. 3 - Durante um dia inteiro, anotar num caderno, palavras e frases que ouvir e julgar necessário escrever.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

quando fui ao banco

hoje sai da sede do máquina e fui ao banco
odeio pegar filas em lugares frios
e sempre que estou em uma fila
tenho vontade de que tudo vire um musical
e eu começo a cantar e dançar, contagiando todo mundo
e ai quando a musica acaba, todo mundo volta pra fila
como se nada tivesse acontecido


então a regra é

entrar em uma fila e não apenas esperar
cantar alto ou ate mesmo dançar
se divertir
passar um bom tempo e depois partir.




logo em seguida, sai do banco e fui em direção à parada de ônibus
gosto de andar na rua principalmente em dias chuvosos
e observar o rosto das pessoas

e eu estava concentrado fazendo isso
quando um rosto que eu não observava se aproximou
e me disse "Jesus te ama"
era uma senhora baixinha colorida
e ela não parecia ser crente, religiosa e tal
ela era isso, colorida
quase que eu não entendi o que ela disse
só devolvi o olhar e prossegui
mas ainda escutei a voz dela ficando pra trás dizendo
"É verdade!"
"valha" pensei porque ela acha que eu não acredito
e o que a fez sair no meio da rua chuventa e dizer
prum desconhecido aquilo?

Então eu vou sair no meio da rua e dizer a um desconhecido algo em que acredito