quarta-feira, 15 de junho de 2011

let's play

"A ausência de uma palavra específica para o “ato de fazer teatro” em nossa língua parece refletir um certo descaso histórico com essa arte. No francês de Molière, temos a palavra jouer, que indica jogar, brincar. Da mesma maneira, temos play, no inglês de Shakespeare, que aglutina os sentidos de jogar e brincar e também significa a peça teatral e o próprio ato teatral." 
Washington Hemmes

























mesmo o simbolo estando alheio ou nao ao ambiente mas so a sua presenca ja abre questoes, gera conclusoes, da espaco para outras imagens... da um play em sua mente.

exercício praça jardim américa




INSULTO AO PÚBLICO | pETeR HaNDkE
10 DE MAIO DE 2011 | ESPAÇO CADAFALSO
teatro máquina | projeto cadaFalso

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As regras propostas por Peter Handke no início do seu texto “Insulto ao Público” serve de mote para esta ação. Viajamos no tempo e chegamos a Marcel Duchamp e o início das ‘instruções’ nas artes visuais. Em seguida, visitamos o Fluxus e suas ‘partituras instruções’ e desaguamos em Marina Abramovic e suas ‘instruções’ para o público. O público é convidado a participar e, a obra de arte reveste-se, assim, de um caráter dialógico.
Dialogamos ainda, para esta concepção, com Nelson Rodrigues, Clarice Lispector, Manoel de Barros e Dianton.
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1] O público aguarda do lado de fora do Espaço CadaFalso. Em um cartaz afixado na parede lê-se: Insulto ao público | Peter Hadke | Projeto CadaFalso | Teatro Máquina.
2] De repente, um rolo de papel é lançado ao público. Seguido de um anúncio: dentro de 5 minutos adentrem o espaço.
Papel desenrolado mostra a frase:
“O mundo, o real, não é um objeto, é um processo”.
                                                                                [Jonh Cage]

3] O público adentra o primeiro espaço. No chão, vários envelopes deixam à mostra: INSTRUÇÃO 1


No interior do envelope:

INSTRUÇÃO 1:

1.   Livre-se de bolsas, caderno de anotações, celulares.
2.   Retire os calçados. Pise o chão com força.
3.   Respire fundo e adentre a sala



4] O público, então, ‘adentra a sala’. Novamente no chão, vários envelopes deixam à mostra: INSTRUÇÃO 2

No interior do envelope:

INSTRUÇÃO 2:

1.   No chão da sala existem 10 objetos dispostos lado-a-lado identificados por um envelope à sua frente.
2.   Escolha um objeto e use-o.
3.   Em seguida, leia o conteúdo do interior do envelope.




No chão da sala, como a INSTRUÇÃO 2 sugere, existem 10 objetos dispostos lado-a-lado identificados por um envelope [INSTRUÇÃO 3]: protetor para pescoço, canga, chapéu preto, óculos escuros e colar, colcha de cama mofada, chale preto e gorro preto, vestido branco, reio, camisa marrom, bolsa vermelha com livro.


No interior do envelope:

INSTRUÇÃO 3:

1. Escolha uma pessoa, e em voz alta, faça o diálogo abaixo:
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VOCÊ: Falai muito é uma das instruções. Estou tão cansada. Não compreendem a inocência! São uns cachorros muito ordinários! Membros da maioria silenciosa! Hereges!

O OUTRO: Olha meu coração como bate! Seu traidor retrógrado.

VOCÊ: Monstro antediluviano! Pensa que eu não notei a expressão do seu rosto. Os seus olhos! Sua lavagem, avarento. Ele próprio se consumiu lentamente na revolta. Sua revolta veio quando ele descobriu que as duas ou três instruções recebidas não incluíam nenhuma explicação.

O OUTRO: Eu não aguento mais! Não posso! Individualista.

VOCÊ: E eu tenho alguma coisa com isso, tenho? Apátrida fascista.

O OUTRO: Aqui ninguém repara nada! Isso aqui é o fim do mundo!

VOCÊ: Eu sei! Pois foi com o gás da juventude que acelerei meus passos e corri. Depois senti minhas mãos tocarem o metal e empurrei com toda a força que saiu acompanhada de um grito.

O OUTRO: Seu freio do progresso! Sabe que eu não suporto gritos.

VOCÊ: Eles não gritaram. Não tiveram tempo. Aros, ferros, canos entrelaçados com o que se denominam corpo, carne, ossos, sangue, dentes. Um amontoado………….

O OUTRO: De horror! E olhos voltados para o alto. Agora sou eu que te digo, seu ninguém, abortista, aristocrata degenerado: E eu tenho alguma coisa com isso, tenho?
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2. Quando terminar o diálogo, encoste-se numa parede e escute o seu silêncio.

3. Quando estiver plen@ de silêncio, abandone a sala.

INSTRUÇÃO 3:

1. Faça consigo,  em voz alta, o diálogo abaixo:
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VOCÊ: Falai muito é uma das instruções. Estou tão cansada. Não compreendem a inocência! São uns cachorros muito ordinários! Membros da maioria silenciosa! Hereges!

VOCÊ : Olha meu coração como bate! Seu traidor retrógrado.

VOCÊ: Monstro antediluviano! Pensa que eu não notei a expressão do seu rosto. Os seus olhos! Sua lavagem, avarento. Ele próprio se consumiu lentamente na revolta. Sua revolta veio quando ele descobriu que as duas ou três instruções recebidas não incluíam nenhuma explicação.

VOCÊ: Eu não aguento mais! Não posso! Individualista.

VOCÊ: E eu tenho alguma coisa com isso, tenho? Apátrida fascista.

VOCÊ: Aqui ninguém repara nada! Isso aqui é o fim do mundo!

VOCÊ: Eu sei! Pois foi com o gás da juventude que acelerei meus passos e corri. Depois senti minhas mãos tocarem o metal e empurrei com toda a força que saiu acompanhada de um grito.

VOCÊ: Seu freio do progresso! Sabe que eu não suporto gritos.

VOCÊ: Eles não gritaram. Não tiveram tempo. Aros, ferros, canos entrelaçados com o que se denominam corpo, carne, ossos, sangue, dentes. Um amontoado………….

VOCÊ: De horror! E olhos voltados para o alto. Agora sou eu que te digo, seu ninguém, abortista, aristocrata degenerado: E eu tenho alguma coisa com isso, tenho?
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2. Quando terminar o diálogo, encoste-se numa parede e escute o seu silêncio.

3. Quando estiver plen@ de silêncio, abandone a sala.